Os felinos não são indivíduos sociais, por isso, é um desafio fazer a introdução de um novo gato em casa. Sobreviventes solitários, prezam pela autossubsistência e controle ambiental em uma vida com poucas relações sociais. Essas características ancestrais devem ser sempre levadas em consideração no manejo do gato domiciliado, principalmente quando vamos introduzir um novo indivíduo em uma residência com outros gatos.
A presença inesperada de um gato na casa representa uma alta vulnerabilidade ambiental e estimula reações antagônicas que atrapalham a formação de vínculos afetivos. Muitos gatos não exibirão reações expressivas diante de um novo membro, mas não podemos descartar o desconforto emocional que esses indivíduos poderão estar experimentando.
Diante de uma mudança ambiental abrupta, uma sorte de comportamentos poderá ser exibida como, por exemplo, agressividade redirecionada, distúrbios de eliminação (micção e defecção) e ansiedade generalizada. Para evitar tais situações e garantir o bem-estar de todos os animais e pessoas residentes, devemos preparar o ambiente previamente para minimizar ameaças e desconfortos.
Daremos 10 dicas para facilitar esse processo em casa:
1. Uma semana antes da introdução do novo membro da família, a utilização de difusores de feromônio sintético na casa é indicado como uma preparação emocional do gato residente;
2. O novo integrante deve ser mantido isolado e com todos os recursos (alimento, água, superfície para arranhar, abrigo para aumentar a segurança e brinquedos) em um cômodo pouco utilizado pelos gatos da casa;
3. Deve-se sempre ressaltar a importância de evitar contato visual entre os gatos, sendo assim contraindicado separação por superfícies transparentes;
4. O tempo que devemos aguardar para permitir apresentações ou mesmo permitir que o gato novo possa transitar na área próxima ao seu cômodo depende das reações exibidas por ambos os gatos. Através da fricção do corpo nas superfícies, os gatos depositam informações individuais que são reconhecidas por outros gatos;
5. Uma abordagem sensorial para apresentação dos gatos na nova casa é a utilização de toalha ou papel toalha esfregada nos gatos residentes exibindo comportamento afável e, depois, no novo gato. Os locais adequados para obtenção dos odores são: entre os olhos e orelhas, queixo, pescoço, dorso e inserção da cauda. A troca de odores deve ser feita diariamente até que tenhamos comportamentos afiliativos em ambos os gatos;
6. A utilização de brinquedos em ambos os ambientes cria uma atmosfera de segurança e conforto. Uma fita ou corda com brinquedos em ambas as extremidades colocada embaixo da porta e supervisionado pelos responsáveis pode aumentar a chance de brincadeiras mútuas;
7. Atenção para os gatos com histórico de ingestão de objetos. Ambos os gatos poderão ser recompensados com brinquedos, petiscos ou mesmo carinhos físicos ou verbais para aumentar a chance de associação positiva;
8. Uma vez que o gato residente demostrar confiança e tranquilidade próximo ao cômodo, ele poderá ser isolado temporariamente em outro cômodo e o novo gato poderá explorar o ambiente para familiarizar-se e permitir a troca de informações olfatórias no ambiente;
9. O ambiente deve ser espaçoso o suficiente para que os gatos possam ter uma distância segura e não ameaçadora para que possam avaliar tranquilamente as tentativas para aproximação;
10. Todas as fases da aproximação devem ser acompanhadas e supervisionadas pelos responsáveis que deverão estar sempre atentos aos sinais de desconforto, como orelhas e vibrissas posicionadas para trás, pêlos eriçados, pupilas dilatas e bufadas. Na presença de tais sinais, os gatos deverão ser isolados sem contato visual e toda a sequência de aproximação deve ser retomada. Em casos de reações bastante agressivas, provavelmente a introdução está sendo feita de forma rápida e inadequada.
No entanto, diante de sinais de aceitação mútua, o tempo para aproximação deve ser gradativamente aumentado a partir de um período inicial de aproximadamente cinco minutos. Vale ressaltar que toda introdução deve ser precedida de uma avaliação veterinária para que possamos descartar doenças físicas, além de avaliar individualmente as limitações etárias (animais muito idosos), número de animais, espaço físico e provisão de expectativas realísticas.
Dr Carlos Gabriel Almeida Dias, M.V. 1995 pela UFRRJ, Mestrado e Doutorado pela Universidade Estadual do Ceará 2006/2008,
Sócio e proprietário da clínica exclusiva para gatos The Cat Fom Ipanema.
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