Convivemos com a presença dos gatos há cerca de 10.000 anos. Neste longo período, os indivíduos da espécie Felis silvestris não foram selecionados e treinados para características e habilidades exibidas atualmente pelos cães: o que se espera tradicionalmente daqueles domésticos. Os comportamentos peculiares, autonomia e beleza única dos gatos eram apenas admirados e incentivados durante anos. Ficamos seduzidos, impressionados e não nos ocupamos em modular mecanismos neurobiológicos para adaptação consistente e transferível à gerações seguintes.
Os gatos ainda se comportam originalmente e isso é muitíssimo importante. Atualmente suas necessidades atávicas, arranhar e comportamento predatório por exemplo, chocam-se com as expectativas do homem moderno. Em 1925 iniciou-se a observação acadêmica do impacto emocional e físico da permanência do gato no domicílio restrito e não enriquecido. Os estudos comportamentais, nutricionais e de bem-estar devem ser conduzidos constantemente para a segurança da qualidade de vida da família multiespécie. E como os gatos foram domesticados? Por que caçar ainda é importante para eles? A domesticação foi baseada no comportamento alimentar exibido providencialmente pelos gatos ao longo de muitas sociedades: o controle de roedores. Esse comportamento protegeu silos de grãos, relacionou-se com pandemias e desperta o interesse de pesquisadores, clínicos e comportamentalistas.
Caçar ou imaginar-se caçando é instintivo e importante que seja experimentado por todos os gatos. Assim, brincar é um estímulo cognitivo e físico necessário e importante para todos os gatos. Infelizmente, muitos deles são mantidos em ambientes sem enriquecimento ambiental e, assim, na ausência de emoções e comportamentos edificantes. As experiências emocionais agradáveis ou desnecessariamente ameaçadoras moldam emocionalmente o gatinho até a décima primeira semana para a fase adulta (Overall, 1997). A gestação, amamentação e comportamento de brincadeira são fases marcantes para a edificação emocional e desenvolvimento físico dos nossos gatos. Por que os gatos brincam então? Treinar habilidades cognitivas e motoras para toda a vida adulta. O manejo adequado e compatível com o bem-estar envolve o fornecimento previsível e adequado de alimento e água fresca. Assim, é importante a rotina de brincadeiras estruturadas e consistentes porque agora não “precisam” mais caçar.
Precisamos envolve-los em atividades que imitam a captura de pequenas e rápidas presas. Filhotes brincalhões serão adultos mais tranquilos e quem não brinca torna-se um adulto hipereativo e envolvido em mais queixas com agressividade. As brincadeiras de explorar e caçar são exercícios iniciais do comportamento alimentar predatório: a chave para a sobrevivência. Brincadeiras com dispensados de alimentos com petiscos secos e úmidos oferecem experiências recomendadas para um bom desenvolvimento e manutenção da qualidade física e emocional do gato domiciliado. Alimentos complementares úmidos podem ser utilizados como recompensas efetivas e saudáveis para finalização de uma sessão de brincadeiras. Além de serem excelentes recompensas, oferecem a chance de teor de umidade recomendável para a manutenção da saúde do trato urinário e gastroentérico. Recomendamos 5 encontros curtos para caçar e receber recompensas que também precisa ser calculada na dieta (6 a 10%). Seguramente estamos mais apaixonados por gatos. Cresce anualmente o número de famílias multiespécie no mundo que acolhem em seus lares integrantes gatos.
Professor Carlos Gabriel Almeida Dias – MV MSc DSc The Cat from Ipanema Agência Marpeting
Médico-Veterinário graduado em medicina veterinária pela Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ). Mestre e Doutor em Ciências Veterinárias pela Universidade Estadual do Ceará (UECE). Sócio Proprietário da clínica exclusiva para felinos The Cat from Ipanema, no Rio de Janeiro. Professor e Palestrante